Seja na hora de escolher a comida
ou um parceiro para toda a vida, a preferência é provavelmente uma combinação da
genética com a experiência de vida de cada um.
Variações naturais em genes que
determinam a estrutura de receptores no sistema nervoso podem direcionar desde
preferências alimentares até o gosto por esportes radicais.
Quem possui, por exemplo, uma
variante pouco sensível de um receptor para o gosto doce, encontrado sobretudo
em mulheres, costuma ser ‘mais chegado’ em um docinho, ou seja, precisa comer mais
doce para obter a mesma satisfação. As mulheres, aliás, também são menos
sensíveis a substâncias amargas.
Talvez por isso esse sabor,
repulsivo para os outros, para elas é tão sutil que se torna agradável.
Da mesma maneira, receptores
naturalmente pouco sensíveis à dopamina, substância que o sistema de recompensa
do cérebro interpreta como prazer, são encontrados em pessoas que gostam de
correr os riscos em esportes radicais. O comportamento de risco provoca a
liberação de grandes quantidades de dopamina, e assim os receptores pouco
sensíveis ficam finalmente saciados.
Variações genéticas, no entanto,
são apenas uma base sobre a qual agem fatores ambientais, como a influência
social da família e da cultura. A própria preferência alimentar é influenciada
diretamente pelos hábitos alimentares de cada cultura. A escolha dos traços de
personalidade em um candidato a parceiro parece ser outro exemplo de influência
social, segundo a experiência com os familiares mais próximos. [CH 189 –
dezembro/2002]
Suzana Herculano-Houzel
INSTITUTO DE ANATOMIA,
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO
Biologia : ensino médio / organização e seleção de textos Vera
Rita da
Costa, Edson Valério da Costa. – Brasília: Ministério da
Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2006.
125 p. (Coleção Explorando o ensino; v. 6)
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