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"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mascarados?!?


De relance, comunicamos o que queremos. Disfarçamos e nos blindamos de máscaras às duras provas da admiração alheia. Um gesto ensaiado aqui, um retoque lapidado ali e, num passe de mágica volátil, ostentamos a reprodução relâmpago de nossas próprias auto-miragens.

Mas tudo muda quando convivemos. Os momentos reais que a gente leva “comendo um quilo de sal junto” diluí a cobertura doce. Quando a primeira impressão se esvai o que fica é a consistência cúmplice de palavras e ações – ou o oposto. Já percebeu como nenhuma Monalisa-viva permanece obra-de-arte sob a ampulheta implacável do tempo? O sorriso ensaiado se contrasta com a humanidade do mau-humor. Os dias de pá-virada revelam o ser humano debaixo da epiderme sobre-humana photoshopada. E acabamos desvendados como realmente somos para todos que nos veem por mais do que uma rápida exibição publicitária.

E por que amo a Deus? Ora, exatamente porque Ele é o Único capaz de saber quem eu realmente sou e me amar apaixonadamente pelo que eu impensavelmente poderia me tornar. Com Ele o embrulho de presente se desfaz, a nudez se revela torpe, e a mentira de perna curta se prostra em frangalhos. Acabo sendo o que sou, ainda que fuja desesperadamente de encarar o que verdadeiramente eu seja. E o que o Altíssimo faz? Ama, perdoa e ainda morre por causa daquilo que não presta em mim.

Isso não é incrível? É absurdamente encantador. Feito um afago do Céu me dando asas pra viver mais feliz. Por isso prossigo – descendo da passarela cintilante para me debruçar no colo dAquele que realmente sabe o quanto disfarço. E nos braços onipotentes de Quem é capaz de re-escrever minha história, eu descanso em paz sonhando com a eternidade mais real do que as minhas mentiras.

E não esqueça: Ele também faz o mesmo com você. Chegue ali!

Texto: Odailson Fonseca

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